4.28.2014

Cleptoparasitismo

Para mim,  as interacções mais interessantes entre os seres vivos são as do género da que relato seguidamente.
Peço apenas desculpa pela parca qualidade dos registos.

Vimos diversos Scarabeus laticollis a fazer rolar bolas de excrementos para serem posteriormente colocadas em buracos escavados no solo. Quando a fêmea está pronta para se reproduzir, a função destes excrementos é a de servir de alimento para as larvas.

No entanto, as larvas de Scarabeus  não serão as únicas a alimentar-se: é que muitos Sphaeroceridae estavam atentos e também eles prontos a colocar aí a sua descendência.

Na foto pode ver-se, com alguma boa vontade, as moscas em torno do atarefado escaravelho.
É um exemplo de cleptoparasitismo interespecífico (entre 2 espécies distintas)  Ou seja, um indivíduo rouba um recurso a outro que, sozinho, não poderia obter (ou gastaria muitos meios para tal).

Sphaeroceridae

Scarabeus laticollis, sendo possível observar uma mosca sobre os élitros.


Ovos de Tabanidae


Observei vários aglomerados destes espectaculares ovos próximos de água, sobre raminhos e folhas. Quando as larvas eclodirem hão-de cair directamente sobre a água onde se irão desenvolver.

As larvas de Tabanidae são sobretudo predadoras ou, ainda que facultativamente, detritívoras. Podem predar outros invertebrados, tais como caracóis aquáticos e outras larvas de moscas, incluindo as da sua própria espécie.

4.26.2014

Monte Barata


Passámos os dias 11, 12 e 13 de Abril pelo Monte Barata, situado no Tejo Internacional e adquirido pela Quercus em 1992.
Devo dizer que, além de muito bonito, é um local bastante interessante no que diz respeito à diversidade biológica.

Neste post vou falar um pouco sobre a área propriamente dita e,  nos próximos, irei destacar algumas espécies de invertebrados que tive a possibilidade de registar.




O Monte Barata, ao longo dos seus 420 hectares, tem variados habitats de cariz mediterrânico: a formação dominante é o montado de sobreiro (Q. suber) e azinheira (Q. rotundifolia), contando com matagais, rosmaninhais, galerias ripícolas; assim como olivais e pastagens.

O coberto arbustivo é constituído por giestas, tojos, estevas, mendronheiros, pilriteiros –  que quando em flor são excelentes para insectos polinizadores –  pereira-brava, incluindo ainda o tamujo (Flueggea tinctoria) que se trata de um endemismo ibérico.

Montado
Ribeira do Marmelal
Pilriteiro (Crataegus monogyna) em floração

Quanto à fauna, segundo o folheto informativo que nos ofereceram, no Monte existem identificadas até ao momento: 132 espécies de aves, 14 de mamíferos, 14 de répteis, 11 de anfíbios e 132 de insectos no geral (dos quais 94 são lepidoptera e 14 são odonata).
Claro que a lista dos insectos está muitíssimo aquém da verdadeira riqueza do local.

Aqui existem diversas espécies de vertebrados vulneráveis ou em perigo de extinção, tais como a cegonha-negra (Ciconia nigra), o abutre-preto (Aegypius monachus), o gato-bravo (Felis silvestris) e o morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale).

Aegypius monachus. Esta ave necrófaga pode atingir 3 metros de envergadura e considera-se rara em Portugal, sendo que o lugar onde ocorre com maior frequência é, exactamente, o Tejo internacional.