7.28.2016

Lucanus barbarossa

Ontem, durante armadilhagens para borboletas nocturnas numa pequena mancha de Quercus faginea, apareceram estes dois machos de Lucanus barbarossa! É uma espécie aparentada do conspícuo Lucanus cervus mas, no caso dos machos, apresenta uma diferença óbvia: a ausência de mandíbulas hiper-desenvolvidas, o que muitas vezes leva à confusão entre espécimes de Lucanus barbarossa e fêmeas de Lucanus cervus. Uma das várias características que permite a distinção das espécies é o número de segmentos das antenas, L. cervus tem 4 segmentos e L. barbarossa tem 6.
De resto, L. barbarossa tem uma distribuição geral mais meridional do que o seu congénere, ocorrendo apenas na Península Ibérica e Magreb.
Em Portugal sabe-se muito pouco sobre a sua distribuição e ainda menos sobre a sua abundância. Como tal, todos os registos são muito bem-vindos e para contribuir, seja com dados desta espécie ou de qualquer outra da mesma família (Lucanidae), é só preencher a ficha (tinyurl.com/ViLucanideo) presente no site (http://biodeadwood.wix.com/lucanuspt) dedicado à monitorização do Lucanus cervus em Portugal :)

7.26.2016

Batrachedra praeangusta – nova para Portugal

No fim-de-semana passado, em Celas (Bragança), dediquei algum tempo a procurar larvas e pupas de insectos sob a casca de um velho choupo e, a dada altura para além de muitas pupas, dei com esta linda micro que aí se escondia.
Trata-se de uma Batrachedra praeangusta, uma das duas espécies de Batrachedridae que se conhecem neste momento em Portugal.
A outra espécie, do mesmo género mas bastante distinta, é a Batrachedra parvulipunctella que só tem 3 registos no nosso país (o 3º curiosamente foi feito em 2014 pelo Rui Andrade e por mim em Salreu, Aveiro).
B. parvulipunctella tem, de resto, uma biologia muito engraçada: as larvas alimentam-se de cochonilhas que vivem em Phragmites spp. e cobrem o casulo com os restos das suas vítimas.
Já a B. praeangusta, enquanto lagarta, tem hábitos mais usuais e alimenta-se das folhas e amentilhos de choupos e salgueiros.


3.27.2016

No passado dia 19 de Março, houve uma breve saída à serra do Sicó com a AOSP para procurar algumas orquídeas, em particular a Ophrys bombyliflora, uma espécie que tem aí o seu ponto de distribuição mais a norte no país. Acabou por ser muito cedo para a floração dessa espécie mas, apesar da chuva, a saída valeu a pena, como sempre. Aqui fica um pouco daquilo que vi e registei.


Mata da Bufarda num dia cinzento

Um campo repleto de Narcissus bulbocodium subsp. bulbocodium

Narcissus bulbocodium subsp. bulbocodium, que se distingue da subespécie obesus por ter a "corola com bandas verdes ao longo de todo o tubo" (http://flora-on.pt/#/0qjM7)

Orchis conica 
Pormenor de uma das flores de O. conica

Lilioceris lili a devorar uma Fritillaria lusitanica

Fritillaria lusitanica

Aceras anthropophorum

Ophrys fusca

Possível variedade de Ophrys fusca que é também descrita como Ophrys pintoi

Orchis morio

Ophrys tenthredinifera

Orchis italica 
Geum sylvaticum

Saxifraga granulata

Centaurea pullata

Iris subbiflora

Aporophyla nigra, provavelmente parasitada, a alimentar-se de Urginea maritima




Falcaria lacertinaria (Drepanidae)

Vi esta curiosa espécie pela primeira vez em Julho do ano passado, em Castro Laboreiro: os adultos apareceram nas armadilhagens nocturnas que fizemos e encontrei também a lagarta a alimentar-se de Betula (pelo que li há registos em Alnus), sendo que passa facilmente despercebida - assemelha-se um pouco aos amentilhos já secos - e talvez por isso mesmo, ainda não havia registos da lagarta em Portugal.
Trouxe a lagarta para registar a pupa e até essa é bastante bonita!

























































3.09.2016

Amostragens de borboletas nocturnas na Serra do Sicó

Numa altura em que há cada vez uma maior sensibilidade para a importância de conhecer e conservar a "nossa" biodiversidade, surgiu-me, já há algum tempo, a ideia de fazer um inventário das borboletas de hábitos nocturnos que ocorrem no Sítio da Rede Natura 2000 Sicó/Alvaiázere. Esta é uma zona dominada por calcários e matagais mediterrânicos, sendo que alberga um grande número de espécies, incluindo várias endémicas e/ ou ameaçadas.
Com a ajuda imprescindível de várias pessoas lá se tem dado forma a esse projecto. Dessas pessoas, seja pelo ânimo e o esforço nas amostragens, seja pela ajuda com as identificações e a vital partilha de dados, tenho sem dúvida a destacar o Jorge Rosete, Ed, Isaías, Pedro Pires e Martin Corley.

Hoje, com o Ed, fez-se uma amostragem nas proximidades das Buracas do Casmilo (Condeixa-a-Nova). Registámos poucas espécies, somente 7, mas tendo em conta a época do ano e a temperatura baixa (a rondar os 7 ºC) o balanço final acaba por ser positivo. Além das espécies ilustradas, apareceu ainda um exemplar de Agriopis marginaria (Geometridae).

Valeria jaspidea (Noctuidae). A espécie mais abundante da noite, com cerca de 10 espécimes.

Xylocampa areola (Noctuidae)

Cerastis faceta (Noctuidae)

Orthosia gothica  (Noctuidae)

Biston strataria (Geometridae)

Trichiura ilicis (Lasiocampidae). A espécie mais interessante da noite.
A nossa "armadilha" que basicamente consiste numa luz UV que atrai um grande número de espécies.

12.14.2015

EBCI 2015

No último fim-de-semana (12 e 13 de Dezembro) participei na 2ª edição do EBCI (Encontro sobre Biodiversidade e Conservação de Invertebrados em Portugal) que teve lugar no CISE em Seia. O primeiro dia foi dedicado às apresentações orais e à sessão de painéis, no geral muito interessantes, e o segundo a uma visita guiada pelo José Conde à Serra da Estrela mas que o mau tempo encurtou. Fez-se então, já no final sob nevoeiro cerrado e vento forte, um percurso na área da Lagoa Comprida e posteriormente uma visita ao CERVAS. Entretanto, houve ainda a devolução à natureza de um gaio que tinha estado em cativeiro ilegal.
Lagoa Comprida


Nomisia sp.




Este poster foi a minha contribuição, desenvolvida em conjunto com o Rui Andrade, para esta edição do EBCI.

11.02.2015

Atemelia torquatella (Lepidoptera): a new genus for the Iberian Peninsula

Atemelia torquatella belongs to the family Praydidae (formerly a subfamily of Yponomeutidae).
Usually the larvae feeds on Betula or Ulmus making a big clear blotch that can have multiple specimens feeding inside. The frass is ejected and the larvae can leave the leaf to find another one.

A few weeks ago with Martin Corley, in Montesinho, I discovered the specimen from the picture and it turned out to be the 1st confirmed record of the genus Atemelia for the Iberian Peninsula.
The larva has been feeding on Ulmus and now is hibernating.

Pictures and information: http://www.ukflymines.co.uk/Moths/Atemelia_torquatella.php


6.28.2015

Platyura marginata

Apesar de não estarem nas boas graças da maior parte das pessoas, os dípteros pela sua diversidade e beleza encontram-se, sem qualquer dúvida, entre os insectos mais fantásticos.
Exemplo disso mesmo é este espectacular macho de Platyura marginata (família Keroplatidae). A sua morfologia pode facilmente confundir os mais incautos, fazendo-os pensar que se trata de um Ichneumonidae.


5.05.2015

Ethmia fumidella – Nova espécie para Portugal!


Até há pouco tempo encontrava-se erroneamente dada para Portugal a partir de espécimes mal identificados. Sattler, na sua monografia de 1967, supôs que os espécimes colectados por Mendes – e identificados como Ethmia pusiella – pertenciam na verdade a E. fumidella (registos primaveris) e a E. candidella (registos feitos no Verão). Baseando-se nas suposições de Sattler, Vives Moreno (1992) adicionou tanto E. fumidella como E. candidella a lista da espécies portuguesas. O problema é que ainda não se tinham examinado os espécimes em questão e, quando o Martin Corley o fez, revelou que eram apenas E. bipunctella...

Entretanto, o Martin tem registos genuínos de E. candidella (Serra de São Mamede) e agora existe este de E. fumidella (Noudar).


4.29.2015

Larvas de Dípteros: Syrphidae

Quando se fala em larvas de mosca, muito provavelmente, a maior parte das pessoas pensa somente nas que se alimentam de matéria em decomposição. No entanto, a riqueza de formas de vida e adaptações morfológicas dos estádios imaturos destes insectos vai muitíssimo além daquilo que normalmente se conhece.
Ao contrário dos adultos que, no geral, se alimentam sobretudo de néctar e pólen, as larvas de Syrphidae são bastante diversas no que diz respeito aos seus hábitos alimentares. Existem larvas que são parasitas/ parasitóides (p.ex  Volucella inanis parasita Vespula germanica e V. vulgaris) fitófagas (p.ex Cheilosia semifascita mina Umbilicus rupestris), micófagas, saprófagas...mas também existem, e talvez sejam estas as mais interessantes, as que são predadoras.
São naturalmente bastante mais móveis e coloridas do que as larvas com outras formas de vida. O facto de possuírem colorações, por vezes crípticas, permite-lhes passar despercebidas enquanto buscam activamente as suas presas.
E as presas podem ser as mais variadas. Xanthandrus comptus , por exemplo, alimenta-se de lagartas de lepidópteros e Psyllidae.
A que trago aqui hoje (cuja espécie ainda não sei) alimenta-se de afídeos e é bastante voraz na sua demanda. Persegue-os com rapidez e quando os detecta, ataca-os de imediato. De seguida, tal como se vê no video, suga o seu conteúdo.



Vista dorsal

Pupa